As pessoas sempre me olharam estranho na vila onde morava, talvez por minhas vestimentas peculiares ou pelo simples fato narrado anteriormente sobre oração. Tinha realmente sido a ultima vez, ainda quando jovem como relatei, porém mesmo assim sabia dos princípios que deveria seguir.
Confesso que percorrer meu caminho sem orações me incomodava. As pessoas de onde morava incomodavam mais ainda e por isso fugi de casa, não por me importar com elas, mas por simplesmente buscar a paz em minha conturbada rotina.
Não lembro muito do lugar que fui morar após deixar meu lugar da juventude, as amargas lembranças de fome e sede de algo que não encontrava. Foi quando conheci alguém.
Ela era jovem e bela, tinha olhos escuros como a treva e sempre tinha um sorriso maléfico, porém encantador, como aquelas vezes em que alguém o convida para saltar de um penhasco, porém me sentia seguro com ela. Ela me ensinou muito e nos identificávamos em muitas coisas, exceto na oração. Ela orava todas as noites por alguma coisa que não ousava interromper, pois conhecia esse poder da oração.
Partilhávamos do mesmo conceito de educação e etiqueta, sabíamos nos comportar como deveríamos em qualquer ocasião e as pessoas sempre estavam em volta dela e agora, como efeito, de mim. Um dia ela me disse que admirava meu cavalheirismo. Se ela sentia algo por mim não sei, mas eu não sentia nada por ela além de ser como um mestre ou professora pra mim.
O que mais me lembro daquela época foi uma noite em que estávamos caminhando por uma rua estreita e sombria que se estendia além do campo de nossa visão. A lua brilhava bem prata naquela noite e não estava escuro como costumava ser aquele caminho. Foi quando ela arregalou os olhos e viu uma fumaça negra em sua direção.
Foi algo estranho, aquilo não parecia nada que havia visto, percebi que ainda não havia muita sabedoria em mim. Enquanto assim pensava, a névoa negra foi em sua direção e eu fiquei imóvel sem saber e comecei a recordar de algumas orações de minha tutora. Ela parecia estar sendo sufocada quando gritei e a névoa imediatamente veio em minha direção e envolveu meu corpo em escuridão.
Ela caída no chão e eu pensando que iria ficar na mesma condição, foi quando a névoa me levou no ar eu lhe disse que mesmo sem poder tocá-la eu a destruiria. Fiquei sem medo no coração e calmamente meus pés tocaram no chão. Enquanto a névoa parecia resistir ao que estava acontecendo, sem entender estendi a mão e fiz um círculo com os dedos e ela começou a girar freneticamente como um furacão em volta de minha mão até ficar do tamanho do circulo. Fui impelido a dizer que o destruiria não por mim, mas em nome de um ser maior.
A fumaça que me envolveu estava a centralizar-se em minhas mãos até que pude ver, quando estava de tamanho pequeno, um olho branco com pupilas escuras que parecia agora estar com medo. Já não conseguia apertar mais, parecia estar segurando toda a névoa comprimida.
Minha mão começou a doer e o olho em minha mão começou a ter veias vermelhas e a dor começou a espalhar-se pelo meu corpo todo, foi quando vi toda uma escuridão.
Ao acordar estava em minha cama ouvindo as orações dela, minha mão ainda doía, mas a partir daí nunca mais senti medo.
O que todos devem saber sobre esse blog...
Gosto de escrever. Ao longo dos anos, criei muitos personagens e eles tiveram um lugar importante na contribuição pra minha criatividade e desenvolvimento. Ainda não sou profissional, mas continuo gostando de escrever.... O Diário de um homem louco é sobre um diário que, talvez foi encontrado, ou talvez seja uma de minhas histórias que vai retratar a vida dessa pessoa que ainda não encontrei o nome em suas páginas... Ainda existem páginas apagadas, sujas, molhadas, manchadas que dificultam a leitura, estarei detalhando tudo isso nas postagens, inclusive se não tiver data é por dificuldade de visualização. Em momento algum falarei sobre o diário físico: Como ele é, quantas páginas, feito de que... pois quero deixar um mistério e talvez um dia eu poste uma foto ou imagem ou desenho, mas já vou dizendo que é um diário bem grande. Comentem, me ajudem a melhorar mais uma de minhas formas de expressão, corrijam meus erros de português e abram a sua mente para o Diário de um Homem Louco... Obrigado Thiago Dibona Alem
sexta-feira, 15 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Ainda em Minha Juventude...
Lembro-me da primeira vez em que me ajoelhei. Jovem e iludido com as promessas fúteis que ouvi da boca de mais um que se nomeava amigo da família.
Em minha casa não éramos religiosos, motivo de muita discriminação e zombaria das culturas e credos presentes aqui. Nunca havia aprendido a orar, mas havia sido ensinado que existia um ser supremo e perfeito, diferente de todas as discrições que os mortais poderiam referir.
Observei, em um de meus passeios noturnos que em uma rua que dava ao mais movimentado bar era repleto de construções aparentemente religiosas, digo aparente, pois mais pareciam um comércio. Em uma dessas construções vivia um líder pertencente a uma seita que ficava gritando contra o outro que tinha sua sede logo de frente ao "inimigo". Logo, sabia que eram charlatães, mas isso é irrelevante.
O que aconteceu foi que esses dois que observei na noite não me perceberam ali, pois a lua decidiu não aparecer essa noite. Os fiéis pareciam assustados ao ouvir a calorosa discussão infernal que estava acontecendo ali, alguns se incendiavam e cada vez mais senti que não acabaria bem. Nenhum dos dois pareciam dispostos a ceder.
Fiquei por horas a espreita, um a um os fiéis deixavam de assistir o ataque verbal e seguiam seu rumo sem palavras de conforto. Após o último deixar o local, o único que estava a assistir era eu e afirmo que continuou por várias horas.
Meu jovem coração ainda inocente queria que aquilo parasse, pois pensava que o mal já era demais no mundo, então me ajoelhei e comecei a proferir palavras humildes. Algo que lembro ter exclamado neste ato de desespero foi se havia algum paraíso nas trevas em que vivia.
Foi ajoelhado, coberto pela sombra da noite, exclamando os desejos de meu coração que as vozes elevadas cessaram, meus olhos se abriram em lágrimas e involuntariamente olhei para os dois e os repreendi dizendo adeus.
Pareciam que entenderam que naquele momento, ao ouvir a repreensão vindo de uma criança, que haviam perdido sua redenção. Olharam-se uma última vez antes de entrar e mais uma vez fechei meus olhos e ainda ajoelhado pedi que o mal acabasse.
Quando abri os olhos senti que a lua decidiu se mostrar, iluminava toda aquela rua, vi também que tinham algumas pessoas aparecido e o que mais me chamou a atenção foi a grande mancha vermelha que vinham das portas das construções e ao aproximar vi o cadáver dos dois homens atirados na entrada de suas respectivas casas religiosas.
Sem demonstrar nenhum espanto segui caminhando na noite solitária, ouvindo somente o som de meu pensamento, que lembrava das fúteis palavras que mencionei que um amigo dizia: a união de crenças nos fará prosperar!
Depois disso, nunca mais me ajoelhei.
domingo, 17 de abril de 2011
As Primeiras Páginas de Um Antigo Diário...
Por um motivo ainda desconhecido por mim, minha alma desejou manter um registro para ser lembrado por várias gerações. Não penso ser muito importante para precisar ser lembrado, mas desejo tornar minhas palavras jamais esquecidas, especialmente àqueles que chamei de amigos na vida mortal.
Há dois meses tive uma temporada difícil, pois ao retornar para casa em uma calma tarde de abril, soube da notícia: um dos que tinham comigo uma aliança, como uma irmandade, havia partido sem vestígios pelas estradas solitárias que conduzem a destruição. Algo que até imaginávamos que poderia acontecer, mas em um futuro ainda distante, mas estava ali, perto de todos e a vista de quem enxergou com a alma.
Ele foi o primeiro dos outros que caíram perdidamente e foram apagando-se como uma chama solitária. Muitas palavras poderiam descrever o acontecido, mas minha mente limitada foi impedida pela minha alma que lutou por respostas que simples mortais almejam encontrar ainda enquanto possuem o fôlego da vida.
As vozes foram piorando em minha mente e me faz tremer com as promessas que recusei, pois não podia trocar as palavras proferidas de torturas por todas as dádivas que possuía. Para calar as vozes saí na escuridão e fui em direção a parte mais verde da cidade, que essa hora estava horrivelmente sombria. Logo, o uivo dos lobos substituía pouco a pouco as vozes que me enlouqueciam, o barulho do vento que sacudia as folhas das árvores acalmava minha alma perdida, enquanto meus questionamentos cessavam e dava lugar a uma dor incrível que espalhou por todo meu corpo em segundos. Senti como um de meus amigos, mesmo sem saber o que aconteceu com eles.
Não acreditava que naquela noite verde e azul seria o início de meus pesadelos. Incompreendida a dor e sofrimento, perder os amigos e sofrer fisicamente. Estava prestes a desistir ali, ajoelhado em frente a uma grande árvore quando perdi todos os sentidos ao sentir me aproximando do solo.
Enquanto adormecido ouvia o som das vozes de meus amigos perdidos, estariam eles na floresta? Diziam frases que já havia ouvido deles, os mesmos vícios na fala, palavras que usávamos somente entre nós e até mesmo o nosso assobio. Como poderiam eles estar ali?
Não conseguia abrir muito meus olhos, continuava deitado sentindo vários tipos de insetos caminhando por meus braços, pescoço e cabelos. O que pude enxergar foram vultos de pernas inquietas que iam de um lado para o outro. Cada vez mais tinha certeza sobre as vozes.
A noção do tempo já não estava comigo, e quando parecia ter passado muito tempo as vozes foram sumindo, e os passos foram caminhando em direção contraria a minha mesmo minha alma querendo que eles se dirigissem a mim proferindo ao menos uma palavra de despedida... meus amigos... partindo...
A noite ficou mais escura e eu apaguei. Já não havia mais vento, somente o silêncio dos lobos. Nada caminhava sobre meu corpo e as dores já não existiam. Era incrível a sensação que tinha em meu corpo nesse momento, parecia que algo extraordinário e oculto aconteceu comigo nessa noite.
Assinar:
Comentários (Atom)